sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE

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O documentário de Simon Hartog sobre a Rede Globo para a TV britânica está completando 16 anos. Por mais incrível que pareça, continua proibido para aqueles que seriam os principais interessados: os telespectadores brasileiros.
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Apesar de todas as mudanças em nosso país, o último trabalho de um grande documentarista permanece refém de artifícios jurídicos. Simon Hartog cometeu a ousadia de dirigir seu olhar sobre a nossa televisão e, no Brasil, é muito perigoso mexer com os interesses dos poderosos. A justiça se tornou desculpa para ‘censura’. Em contrapartida, criou-se uma grande rede de vídeos piratas, que se encarrega de divulgar de todas as maneiras possíveis o documentário mais proibido do Brasil.
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Simon Hartog era considerado um dos mais polêmicos diretores da antiga escola britânica de documentários. Ele fazia parte de um grupo de cineastas europeus de esquerda. Todos estavam envolvidos com a produção de filmes considerados ‘sensíveis’.
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O documentarista impressionava muito pela seriedade e profissionalismo com que se dedicava a um projeto tão complexo e polêmico. Apesar de acreditar no documentário, tinha sérias dúvidas se conseguiria realizá-lo sem as imprescindíveis autorizações globais. Ele bem que tentou obtê-las. Solicitou por escrito todas as imagens e as entrevistas necessárias para a produção do documentário e, obviamente, tudo lhe foi negado pela direção da Globo.
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A Rede Globo garantiu muitas dores de cabeça ao velho Sr.Hartog. Os advogados da empresa tentaram durante longos meses impedir a exibição do documentário na Inglaterra e em qualquer país do mundo. Mas Hartog era um homem com uma missão e não se intimidou com as negativas da Globo. Muito pelo contrário. Ele buscou e encontrou as soluções consideradas ‘alternativas’ para ilustrar o seu documentário. De qualquer maneira, os advogados da empresa fracassaram e o documentário foi exibido pela primeira vez, com muito sucesso em 10 de março de 1993.
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Mas aqui no Brasil, tudo seria diferente. A Globo venceu na justiça e o público brasileiro perdeu. Estamos impedidos de assistir a depoimentos brilhantes de personalidades como Chico Buarque, Leonel Brizola e Washington Olivetto, e tantos outros que conheceram na pele o poder da Globo.
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Fonte: web site comuniquese

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